quinta-feira, 6 de março de 2014

Niilismo - O benefício do questionamento profundo

Uma corrente de pensamento muito turbulenta, o niilismo (do latim, nihil - nada) propõem uma agitação radical na superfície moral supostamente sólida de uma sociedade. O questionamento radical dos valores inspira uma forte rejeição pelo seu lado destrutivo - fica difícil saber como seguir no momento que duvidamos de todas as certezas. Contudo, o "nadismo" pode ser muito beneficente, devido ao seu traço positivista - utilizar uma razão para questionar a moral constituída por completo - tornando-a sua moral constituinte.

A história humana nos exemplifica várias formas de costumes bem distintas. Provavelmente por causa da relativa falta de complexidade nos instintos humanos, a ideologia básica do grupo varia muito. Com isso, a existência de verdades morais imutáveis perde a o sentido. Atualmente, há grupos antiabortistas, com preceito de que a vida deve ser defendida (e que um blastocisto ou um feto já é uma vida humana). Já em Esparta, o descarte de bebês era visto de uma forma positiva - só os "dignos" teriam uma chance de se tornar espartanos guerreiros, desde o momento em que nasciam. Religiões servem como uma enorme fonte de exemplos para valores contrastantes da mesma sorte.

Retomando os conceitos de moral citados, a moral constituída é aquela que se apresenta ao indivíduo. A constituinte, a formada pelo indivíduo. Aquele que não julga os valores que lhes são impostos pela sociedade é, logo, indiferente para a moral do grupo. E cada vez mais clama-se pela participação de indivíduos na sociedade - o questionamento aumentando como valor de suma necessidade. Quanto mais profunda essa revisão, melhor.

Pode-se estabelecer um paralelo entre a revolução informacional (terceira revolução industrial) e o questionamento profundo do ser. A primeira deflagra a importância do intelecto, do saber, indiscutivelmente a matéria prima dessa revolução, tanto quanto carvão e máquinas a vapor, para as outras. Em vários momentos, as ciências exatas se desenvolveram depois de reformas radicais, ou as causaram diretamente, como os estudos de Einstein.

Seria ingênuo questionar a rejeição natural das rotas niilistas de pensamento. Baseando-se no mito da caverna, de Platão, temos que o homem resiste a mudanças. Mas assim como a contrarreforma católica não conseguiu bloquear o avanço científico, o questionamento avassalador deve encontrar modos de existir e agir. Desde que existam pessoas cientes e questionadoras. Que gerem uma moral constituída que formarão mais indivíduos cientes e questionadores.